sexta-feira, 14 de junho de 2013

MANIFESTAÇÕES

Goiânia - Ano III - 128

Olá Químicos e Agregados.

Todos devem ter visto a quantidade grande de manifestações que ocorrem diariamente por conta do aumento das passagens de ônibus em várias capitais do país.

É claro e evidente que tais manifestações não são mais somente por causa do aumento de 0,20 centavos em média nessas passagens em todos esses locais.

E se vocês notaram, eu usei a palavra manifestação. Não serei um daqueles que dirá que o que ocorreu foi vandalismo, terrorismo ou algo parecido. Não cairei nesse visão maniqueísta e elitizada de mundo. Usei por muito tempo transporte coletivo. Sei o que é ruim.

Manifestações pacíficas me parecem um tanto antagônicas. As mudanças vêm de fato sempre com algo mais duro e que incomoda os governantes de algum modo, forçando-os a darem explicações e a aparecerem em público. Alguém lembra de algum governante aparecer em público para falar alguma coisa quando a manifestação é pacífica? Claro que não. Manifestações pacíficas geralmente são deixadas de lado. O máximo que acontece é um porta voz dizer: "Estamos em um estado democrático. É direito da população se manifestar, de forma pacífica. É muito bom para a democracia". 

E claro, é muito bom para os governantes. 

Sabem o que eu acho que seja vandalismo e terrorismo? O que o estado faz com a gente:

- Gastar mais de 11 BILHÕES de reais para dar lucro para uma entidade privada, como a FIFA. Não me venham com ladainhas do tipo: "E o retorno com os turistas? E a geração de emprego? E o legado deixado?". Tudo balela. O retorno com isso tudo não será nem metade do que foi investido. E muita, mas muita gente mal intencionada ganha dinheiro com a copa. Idem para as Olimpíadas.

- Deixar milhares de pessoas dependentes de um sistema de saúde no qual se morre na fila, no banco do hospital e numa maca no corredor.

- Vilipendiar a educação, mola propulsora do desenvolvimento. Escolas ruins. Professores mal pagos. Cidadãos mal formados. Ciclo vicioso. 

Vejo que essas manifestações são um recado. Algo do tipo: "Olhem só. A gente não tá satisfeito, não!". E dá para ficar satisfeito com passagens caras, ônibus ruins, velhos, ATRASADOS E CHEIOS?

Não. Não dá pra ficar satisfeito com isso. 

É vandalismo 10 mil pessoas nas ruas de São Paulo? Por que a mídia só mostra uns 4 caras barbarizando? Por que não mostra policiais jogando gás de pimenta em cinegrafistas e bomba de gás lacrimogênio em estudante?

O movimento Passe Livre é muito mais do que isso. E lendo algumas coisas, descobri que sou amplamente a favor do transporte coletivo gratuito. Mas não sou o cara para falar sobre isso. Encerro deixando alguns links de pessoas que argumentam sobre isso melhor do que eu.




É isso. Um mol de abraços a todos.





sexta-feira, 7 de junho de 2013

SEXTA-FEIRA DA CANÇÃO XVII

Goiânia - Ano III - 127

Olá Químicos e Agregados.

Faz tempo que não posto por aqui. Fiquei com uma quantidade de coisas pra fazer e acabei por não me dedicar o quanto gosto ao blog. 

Resolvi voltar com uma música, para ver se volto a postar com mais regularidade.

A música de hoje, para variar, é velha.

Fiquem com Journey - Don´t Stop Believing. Bem emblemático...

sábado, 20 de abril de 2013

MELHORAMOS SIM, O ENSINO DE CIÊNCIAS

Goiânia - Ano III - 126
 
Olá Químicos e Agregados.
 
Estava por esses dias pensando no ensino de ciências.
 
Há pelo menos uns 15 anos trabalho diretamente com o ensino de química e mais recentemente tenho orientado físicos e biólogos.
 
Quais aspectos são importantes para melhorar o ensino de ciências?
 
O que fizemos nos últimos 30 anos para melhorar de fato o ensino de ciências? Por que parece que hoje não é melhor do que era?
 
Acho essas perguntas acima um pouco falaciosas. De vez em sempre, os pesquisadores das áreas técnicas vêm com essas perguntinhas capciosas.
 
Eu acho sinceramente, que nós, pesquisadores, alunos e professores da área melhoramos sim o ensino de ciências no Brasil.
 
Hoje, não decoramos a tabela periódica nem o componente das células, muito menos temos necessidade de memorizarmos fórmulas extensas e inúteis. Em grande parte das vezes não precisamos mais saber o que são isótonos ou isóboros. O conceito de Evolução perpassa os outros conceitos em Biologia nos livros didáticos de nível médio. Na genética não se discute apenas o Aa, Bb, Cc (azão, azim, bezão, bezim). A física moderna já é assunto do terceiro ano do nível médio.
 
Os livros didáticos passam por crivos de pesquisadores do Brasil inteiro, e apesar de ainda terem algumas falhas, são muito melhores do que os livros os quais estudei.
 
Às vezes falhamos mas tentamos ser interdisciplinares e usar também a contextualização. 
 
Todas essas pequenas mudanças na escola são resultados das discussões que saíram da academia a partir de vários trabalhos de pesquisadores da área que não ficaram presos em estantes ou impressos em artigos inatingíveis.
 
Quando converso com professores do nível médio de várias regiões do país, ouço relatos de uso de jogos, de experimentação, de gincanas, de teatro, de aulas fora da sala de aula, além de avaliações diferenciadas na tentativa de atrair a atenção de nossos alunos.
 
Assim, como podem nos perguntar ou interrogar se melhoramos ou não o ensino de ciências no Brasil? É claro que melhoramos. Há um longo caminho a percorrer? Claro que há. Não corro disso.
 
No entanto, não posso aceitar o fato de que não houve mudança nenhuma, porque houve.  Mas por que ainda saímos tão mal em avaliações internacionais em Ciências? Uai. Por que ainda temos muito o que andar nessa seara. Fico imaginando se não houvesse no Brasil a insistência em se manter uma área de ensino de ciências nos institutos e faculdades. Não tenho dúvida que a nota seria ainda menor.
 
Os caminhos para melhora ainda mais já são mais do que chatos e repetitivos: melhorar a carreira de professores, em nosso caso, de ciências; ter uma divulgação científica de qualidade para a comunidade (nesse caso, dependente do professor bem formado. Eles são os melhores divulgadores científicos, não eu, na minha sala).
 
Para terminar, eu poderia perguntar aos meus amigos pesquisadores da área técnica. E vocês? De fato melhoram a ciência de base no Brasil, fazendo com que isso acelerasse nosso crescimento? Sei que muito falta a fazer nessa área também, mas, nunca vou afirmar que não conseguiram, pois, assim como nós, fazem o que é possível fazer.
 
É isso. O assunto é longo. Fiquem a vontade na discussão.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

LEQUAL - 9 ANOS

Goiânia - Ano III - 125

Olá Químicos e Agregados.

Estou muito feliz no dia de hoje, 01 de Abril, já que o LEQUAL (Laboratório de Educação Química e Atividades Lúdicas, www.lequal.com.br) completa hoje 9 ANOS.

Tudo bem, aceito piadinhas do primeiro de abril, mas é verdade.

O LEQUAL foi criado por mim no agora distante dia 01 de Abril de 2004. A ideia básica, que acredito, ainda não se perdeu, é ser um laboratório de referência nacional em trabalhos voltados para o ensino de jogos e atividades lúdicas em ciências, principalmente a química. Atualmente não orientamos e trabalhamos somente nessa área, sendo que nosso espectro de pesquisa aumentou bastante nos últimos 4 anos.

Além disso, ser um ambiente de descontração, alegria, divertimento e aliando a seriedade contida nessas ações, de FORMAÇÃO profissional e pessoal.

Penso que temos conseguido isso, em todo esse tempo e conseguiremos mais.

Atualmente, a coordenação do LEQUAL é dividida. Eu e professora Nyuara Mesquita coordenamos conjuntamente as atividades de orientação, ensino e extensão às quais o LEQUAL participa.

Alguns dados interessantes:

1) Foram formados 05 doutores; 13 mestres; 20 IC.

2) Temos em andamento, 3 doutorados, 10 mestrados e 7 IC.

Todas esses números tem nome e data e podem ser vistos, lidos e conhecidos em seus trabalhos em nosso site: em www.lequal.com.br

Agradeço imensamente todos os LEQUALIANOS e AGREGADOS que durante esses 9 anos fortalecem e fortaleceram o LEQUAL.

PARABÉNS PARA NÓS.

Márlon e Nyuara.

sexta-feira, 1 de março de 2013

III SELIQ


Goiânia - Ano III - 124

Olá Químicos e Agregados.

Nos dias 27 e 28 de fevereiro foi realizado no Instituto de Química da UFG o III SELIQ (Seminário de Estágio da Licenciatura em Química do IQ - UFG.

Tivemos duas palestras com importantes pesquisadores da área de ensino de química, como a professora Andrea Horta Machado e o professor Wilmo Ernesto Francisco Junior, que também participaram de uma mesa redonda sobre o estágio na licenciatura.

Foram apresentados 10 trabalhos orais dos alunos concluintes de Estágio III, que se relacionavam aos seus trabalhos de pesquisa desenvolvidos nos últimos dois anos em sessões coordenadas com a presença dos convidados e alunos da licenciatura.

Programação completa, aqui.

A seguir, algumas fotos do evento.

Agradeço a todos os alunos da licenciatura em Química do IQ - UFG, além dos alunos da UEG, PUC e dos IFs pela presença.

Mestre de Cerimônias: Prof. Dr. Márlon Soares, coordenador do evento e também Dr de Cerimônias.

Abertura do Evento: Prof. Dr. Neucírio Ricardo Azevedo (Diretor do IQ), Profa. Dra. Marilda Shuvartz (Coordenadora de Estágios da UFG) e Profa. Dra. Nyuara Araújo da Silva Mesquita (Coordenadora Geral do III SELIQ) 
Palestra de Abertura: Profa. Dra. Anna Maria Canavarro Benite (IQ - UFG) - "Ensino de Química na Diversidade".


Palestrante: Profa. Dra. Andrea Horta Machado (COLTEC - UFMG) - "Contribuições da Pesquisa em Ensino de Química  na Elaboração de um Livro Didático".

Mesa Redonda: "Estágio Supervisionado: diferentes visões, diferentes contextos" - Profa. Andrea, Prof. Wilmo, Profa Marilda e Prof. Márlon (Coordenador da Mesa)


Discentes e seus orientadores após o primeiro dia de apresentação - Da esquerda para a direita (Marciano, Wander, Anna, Antonio, Márlon, Luiz, Anderson, Agustina, Marcus, Carla e Nyuara.

Sessão de Painéis

Sessão de Painéis

Palestrante: Prof. Dr. Wilmo Ernesto Francisco Junior - "Avaliação de Livros Didáticos: da importância política à necessidade formativa."

Professores Wilmo, Andrea, Nyuara e Márlon

Final do SELIQ. Todos cansados. Professores Nyuara, Anna, Cláudio e Márlon. Faltou a Agustina, que estava muito mais cansada do que nós, fazendo matrícula no mestrado...

Sobreviventes após a última apresentação do SELIQ. Tudo junto e misturado, apresentadores, público, orientadores etc e etc.

Nosso Song-Man, Cabo Man, Video Man, Tudo Man = Rodrigo...




Nyuara, Vitor (Nosso outro Tudo Man) e Márlon. (Dizem as más e boas línguas que o Presunto e o Walex também deram o ar da graça, mas foi como o elétron, de forma indeterminada, eheheheh.)


Obrigado a todos. Até o fim do ano, com o IV SELIQ.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PROFESSORES DEDICADOS

Goiânia - Ano III - 123

Olá Químicos e Agregados.

Olha o que eu ouvi hoje na rádio CNB:


Sintetizando, o jornalista relata uma experiência na rede pública do estado de São Paulo. Ele diz que houve uma melhora substancial na aprendizagem dos alunos em português e matemática (por volta de 40%) a partir do momento em que a escola passa a ter o que denominaram de Professor Dedicado.

Ou seja, aquele professor que tem dedicação exclusiva a uma escola só!

Ele relata ainda, que dependendo do tempo de casa do professor e de sua titulação e experiência, seu salário pode chegar a 5000 reais.

Termina dizendo que a soma entre motivação, dedicação e boa remuneração levou a esse resultado.

Outro aspecto nessa notícia é que a escola também é de tempo integral, o que considera mais tempo do aluno em sala de aula e mais tempo do professor com o aluno.

Não nego que seja um ótima notícia. Excelente. Aliás, eu já havia comentado sobre isso aqui:


Fica portanto, claríssimo o que deve ser realizado pelos nossos governantes. Eu, como vários outros educadores e formadores de professores, defendemos isso há séculos (fui longe, agora):

A) O professor deve ter dedicação exclusiva a somente UMA escola. Isso gera identidade e melhores condições de trabalho.
B) O professor deve receber uma remuneração a mais no salário por ser dedicação exclusiva;
C) O salário deve ser compatível com sua função e ser atrativo o suficiente para que possamos atrair os melhores estudantes.
D) A escola deve ser integral, pois possibilita maior tempo do aluno em sala de aula com esse professor que é de dedicação exclusiva.

Já bato nessa tecla há anos. Parece que alguém está querendo enxergar o caminho. 

Assim esperamos....

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

UM CONTO DE ALGODÃO DOCE

Goiânia - Ano III - 122


Olá Químicos e Agregados

Vou contar uma pequena historinha hoje (Baseado em fatos reais. Ou não...)

Goiânia - Verão de 2009.

                Perto das 6 da tarde, de uma tarde um tanto chuvosa do verão goiano, Nolram, de forma repetitiva e tediosa, como todos os dias, foi buscar seu filho Drigoro na escola. O menino entra no carro um tanto agitado e dizendo que queria um Algodão Doce, já que há 5 minutos havia passado por ali um vendedor da deliciosa iguaria. Colocando o carro em movimento e rumando para casa, eis que Nolram vê, à sua esquerda, a uns 100 metros, um vendedor de Algodão Doce, carregando um pedaço de madeira, repleto de sacos de cores diferentes, desde rosa, até azul.
                Imediatamente Drigoro também viu e clamou o doce para o pai. Nolram parou o carro e perguntou o preço do Algodão Doce. Debaixo de fina chuva, não menos fria, o vendedor, que portava um chapéu de pano, bermuda e camiseta e um leve cavanhaque acompanhando os cabelos presos em rabo de cavalo, parou sua caminhada e informou o preço. Nolram tirou sua carteira e desolado, notou que não havia nem mesmo uma ínfima moedinha. Agradeceu ao vendedor. No mesmo momento, Drigoro, no alto de seus 4 anos começou a chorar de tristeza, sentindo a possibilidade de, naquele momento, ficar sem o desejado Algodão Doce.
                Nolram tentou explicar que depois compraria o famigerado algodão doce para Drigoro e tudo mais que os pais fazem nesses momentos críticos, antes de perder a paciência e encerrar com uma voz de comando rouca e séria. Eis que nosso vendedor se aproximou do vidro traseiro do carro e ofereceu o pacote de algodão doce para Drigoro. O pai, preocupado disse que não tinha dinheiro. O vendedor disse:
                - Não esquenta, não, moço. Criança chorando é muito triste. Toma, criança. Fica com esse. É um presente do tio.
                Drigoro ficou extremamente feliz. Nolram fez o de sempre. Obrigado senhor vendedor, não precisava, etc e tal e tudo mais o que se fala nessas horas de gentileza. Ficou também tocando com a atitude do vendedor, prometendo a si mesmo que um dia pagaria àquele vendedor, considerando-se que aquele era seu meio de sustento. “Não posso deixar passar isso. Ele precisa do dinheiro. É seu ganha-pão”, pensou Nolram, achando-se responsável socialmente. Foi-se embora, pensando o quão gentil foi aquele vendedor. “Um dia eu o acho”, pensou Nolram.

Goiânia – Verão de 2013

                Nosso Drigoro é agora um moleque de 7 anos. Arteiro como sempre. Nolram, ao buscar novamente o filho na escola, em uma rotina incansável e não menos repetitiva com o passar dos anos, vê a sua direita, um vendedor de algodão doce. Estava descendo novamente a mesma rua que descia há certo tempo. Parecia ser o mesmo vendedor. O mesmo chapéu de pano, a mesma camiseta, mas a bermuda tinha uma cor diferente. No entanto, a chuva fina e fria continuava a mesma. Nolram não teve dúvidas. Parou o carro, dirigiu-se ao vendedor, comprou dois pacotes de algodão doce, um para Drigoro e outro para si mesmo. Deu uma nota em um valor duas vezes superior ao preço cobrado e disse que não precisava do troco. Quando o vendedor tentou interpelá-lo pelo fato, explicou a situação ocorrida em 2009.
                - Olha, seu moço, fico muito tocado com isso e entendo o que o senhor deseja. No entanto, naquele dia, eu só quis fazer uma criança feliz com o que eu tinha a oferecer no momento, que eram meus pacotes de algodão doce. Aquilo foi uma gentileza que eu espero sempre que gere outra. Tome, fique com seu troco. Afinal de contas, todos nós sempre temos que oferecer o que temos para a felicidade de todos. E o que eu tinha era algodão doce.
                O vendedor abriu um sorriso longo, devolveu o troco para Nolram e saiu todo serelepe a vender seus pacotes de Algodão Doce pela rua. Em um chuvisco fino, mas molhado.
                Nolram conclui que, pensando em pagar o vendedor pela gentileza, acabou por de alguma forma, sentir-se melhor e superior ao vendedor, mesmo que de forma inconsciente. Pensou falsamente que somente pessoas com bens financeiros poderiam fazer gentilezas com crianças de classe menos favorecidas. E que era sua “obrigação” devolver(??) aquele dinheiro que não havia sido pago.
               Inocente, mas muito preconceituoso o pensamento de classes que tinha esse Nolram. Não pensou que todos têm direito a ser gentis. Independente da classe social. Capitalista o pensamento de Nolram, enfim.
              Adaptado à sociedade que critica esse Nolram...

Comentário do Blog: Falei com Nolram ontem. Ele disse que precisa refletir mais suas ações. Confio nele.

sábado, 29 de dezembro de 2012

UFG EM VÁRIOS ÂNGULOS 2

Goiânia - Ano III - 121

Olá Químicos e Agregados.



Mais umas fotos das andanças no Campus II da UFG. Tiradas do meu celular, que também toca música, acessa internet e, sim, às vezes até possibilita falar com outras pessoas. Às vezes tenho a impressão que celulares foram feitos para isso. Ah, bobagem.... Em tempo: Descobri que em alguns navegadores, se clicar em cima da foto, ela aumenta...


Próximo a entrada Sul

Visão de Goiânia.

Por do Sol do Cerrado. Insisto: um dos mais bonitos que já vi...

Árvores típicas do cerrado...

Rumando para a entrada Sudeste, a da guarita...essa chuva eu peguei antes de chegar em casa...


Próximo a Guarita...

Auto explicativa.

Entrada Nordeste.

Caminho da Casa do Estudante para o ICB IV

Chegando em casa...Lá no fim, depois da placa amarela...



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SEXTA FEIRA DA CANÇÃO XVI

Goiânia - Ano III - 120


Em homenagem ao fim do mundo que não veio, duas musiquinhas legais:



The End do The Doors, tudo a ver, né? Pena que o mundo não acabou. E a segunda é Rocket Man, do Elton John, baseada em um livro do Ray Bradbury, sobre um astronauta dedicado ao emprego de ser astronauta e a solidão do espaço...



Deliciem-se.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

EM RELAÇÃO A CARREIRA CIENTÍFICA

Goiânia - Ano III - 119

Olá Químicos e Agregados.

Pois é. Li esse post aqui, ó. É da professora Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da UFRJ. Esse texto anda circulando nas redes sociais com uma quantidade grande de gente concordando e uma minoria bem minoritária (desculpem-me, não resisti) discordando de grande parte do texto. Bom, como devem saber, eu estou nessa minoria. Leia o texto lá e depois voltem aqui. Vamos às discordâncias. Esse texto vai ficar um pouco longo, mas, paciência.

Definitivamente, fazer carreira na área científica no Brasil pode até ser difícil, mas não é uma coisa que cause "espanto ou revolta", como ela diz. Vamos a algumas discussões.

Observemos a Iniciação Científica. A professora argumenta que a molecada ganha em torno de 400 reais, que isso é muito pouco, é menos que um salário mínimo. Mas ela talvez tenha esquecido de dizer que são 400 reais por 12 horas de trabalho semanais. Se o menino ou menina trabalha mais do que isso, o orientador está de fato, explorando o coitado ou coitada. Aliás, existem várias maneiras de explorar os meninos no laboratório. O termo Iniciação quer dizer algo relativo a iniciar a molecada na ciência. E para isso, tem-se até uma bolsa. Iniciação não é mão de obra barata. É aprendizado, acompanhamento de perto das atividades dos caras, ensinamentos. Bolsista de IC não é estagiário. Não penso a Iniciação Científica como um estágio, mas como uma iniciação a pesquisa e ao desenvolvimento. Estágio está mais relacionado a treinamento.

Faltam bolsas? Faltam, mas não é uma questão relativa a pesquisa e sim a própria estrutura da universidade que temos e a grande desigualdade social do Brasil que não se resolverá nos próximos 50 anos. Não vejo que os meninos que "trabalham" no laboratório sem bolsa, estão fazendo isso "de graça". Ele é voluntário. Está ali por que quer. Terá a chance de iniciar-se na pesquisa e poderá ter trabalhos e artigos com o seu nome. Cabe ao orientador não exigir desse sujeito dedicação total a pesquisa, 12 horas de trabalho, fim de semana dedicado, essas coisas. Mas é muito importante que tenhamos voluntários nos laboratórios até para saber se é isso mesmo que o sujeito quer da vida. 

Essa cara poderia ser remunerado? Claro que poderia, mas dizer que isso é uma tragédia e que é vexaminoso, penso ser um exagero. Importante salientar que essa prática é muito comum em vários países do mundo, inclusive em grandes universidades. Nunca haverá bolsa pra todo mundo. Em lugar nenhum.

Carreira científica é questão de escolha. Você sabe que a bolsa de mestrado é de 1350, que a de doutorado é de 1800, que cê não contribui pra previdência, que não tem carteira, não tem direito trabalhista etc e tal. Você sabe que se tivesse escolhido Engenharia, Advocacia entre outras profissões, estaria, nesses 7 ou 8 anos (mestrado e doutorado) que fez a pós ganhando horrores, rachando de ganhar seus 5 mil, 7 mil ou mais de reais, certo? Certo. Então é simples. Faça engenharia ou advocacia. A questão é de escolha, é de gosto, é de prazer. Quer ganhar dinheiro, tá na profissão errada. Mesmo porque, no mestrado, você recebe praticamente 2 salários mínimos para estudar e no doutorado, 3 salários mínimos para o mesmo fim.

Pessoal, por favor, não me venha dizer que fazer mestrado e doutorado é difícil, cansativo, que você trabalha todo dia as 8 horas completas, que comparece todo dia no laboratório, etc e tal que sei que é mentira. Pode me xingar a vontade, mas cursar pós graduação em qualquer laboratório NÃO é a mesma coisa de trabalhar 44 horas por semana na profissão que você escolheu. É muito mais simples e com menos responsabilidade.

Bom, aí ela continua a fazer comparações entre estudantes de pós e seus amigos que já estão no mercado de trabalho, rachando de ganhar dinheiro, e você, lá, pobrão da vida! Coitado de você que fez essa opção, né? Estava enganado o tempo todo. Depois ela fala que você enfim, após acabar o doutorado, vai para o mercado de trabalho, que são as universidades e que elas contratam professores e não pesquisadores.

Ora, a maior vantagem das universidades públicas no país é o tripé ensino, pesquisa e extensão. Você terá aulas com pesquisadores e os exemplos que eles podem ou não dar em sala de aula tem relação com suas pesquisas. Esse é um dos aspectos que diferenciam as universidades públicas das particulares. Se o cara acaba o doutorado e nunca deu aula na vida dele, aí, sim, temos um problema. Como um sujeito que irá ministrar aulas em nível superior nunca deu aulas  na sua vida? Esse é o problema que temos que atacar, considerando-se que a boa pesquisa se produz na universidade. Vejam bem, temos que remediar um problema e não atacá-lo como se isso fosse ruim para a universidade. Não é. Professor Universitário tem que dar aula, além de fazer sua pesquisa. É importante para ele, para sua pesquisa e para o país. Se tivéssemos somente institutos de pesquisa, nos quais os grandes pesquisadores não ministrariam aulas, as universidades periféricas do país ficariam com o que? Não fariam pesquisa? Formariam somente mão de obra? Penso que, talvez, por trás dessas falas da professora sobre a necessidade de termos cargos de pesquisador no Brasil, dentro das universidades está travestida dessa ideia, da qual, como podem ver, não concordo.

Depois ela fala que você não ganha um centavo a mais para produzir ciência no Brasil. Uai, você é contratado para fazer pesquisa, ensino e extensão, então, já tá incluso no pacote salarial. Não entendi. Talvez ela esteja se referindo ao fato de que não ganhamos nenhum centavo a mais por orientarmos 8 mestrandos e 6 doutorandos além dos alunos de IC. Mas, não existe obrigatoriedade aí, não. Eu posso orientar um mestrando e um doutorando. Na hora da redução do trabalho na universidade todo mundo quer cortar a carga horária de aula, mas ninguém pensa em diminuir as orientações. Engraçado, né? Ou seja, o cara quer ser apenas pesquisador. Ponto. Essa não é nossa realidade. Grandes pesquisadores internacionais não deixam de ministrar suas aulas na graduação. Simples assim.

E vai dizer que tá faltando vaga para doutor no Brasil, hoje? É até engraçado. O problema, que talvez ela não tenha se atentado, é que muitos caras acabam o doutorado, recém doutores, querem ficar no sudeste, nos grandes centros. Ninguém quer sair da zona de conforto. Ninguém quer fazer ciência de fato fora do sudeste. Ninguém quer abrir caminhos. Ninguém quer fazer o país crescer. Uma quantidade grande de doutores ficam fazendo pós doutorado enquanto uma série de universidades PÚBLICAS no Brasil não preenchem suas vagas por falta de candidato doutores.

Conheço alguns casos de recém doutores que saem do sudeste e começam a trilhar um caminho árduo em fazer ciência fora do eixo sudeste. Nenhum está insatisfeito, pois passam a sentir que estão colaborando para o crescimento do Brasil e estão nos locais onde se precisa de fato de gente que queira desbravar.

Finalmente, o salário. Não vou me alongar. Nosso salário é equivalente aos salários de professores-pesquisadores europeus e estadounidenses. Com poucas variações, para baixo e para cima.

Sinceramente, não acho que um recém doutor, que nunca deu aula, contratado em uma instituição pública, efetivo após 3 anos, garantido nos próximos 30, com no máximo 16 horas por semana de aula (professor do ensino médio ministra isso com os pés nas costas e para adolescentes!!!), sendo que a média nacional é de 10 horas aulas, ganhe pouco, ou que tenha que ganhar de fato, 15, 20 mil. Vejam bem, não é o doutor no Brasil que ganha relativamente pouco, são as outras profissões que não exigem título que ganham relativamente muito!!! Isso também é desigualdade social.

Salário inicial de um doutor no Brasil, líquido. Aproximadamente 6 mil e 200. Pouco? Não. Muito? Também não. Poderia ser mais? Ou os outros cargos, como os da Receita Federal poderiam ser efetivamente menos? Compatíveis com a função? Essa é a discussão.

Bem, me alonguei demais. Sintetizando, penso que a visão da professora, sem desmerecer sua grande contribuição a ciência no Brasil, não confundo uma coisa com a outra, ainda é um tanto positivista em relação ao papel do pesquisador na universidade e claro, à sua formação. 

O assunto é controverso, aceito críticas. Lembrem-se sempre de descer o bambu nas ideias e não na pessoa.

É isso.