GOIÂNIA - ANO I - 76
Olá Químicos e Agregados.
Há cerca de 2 ou 3 semanas, o Jornal Nacional da rede globo exibiu uma série de reporcagens reportagens sobre a qualidade da educação em escolas no Brasil.
O esquema era o seguinte: escolhia-se uma cidade de uma das cinco regiões do Brasil, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Depois de escolhida uma dessas cidades, o repórter entrava no avião e se dirigia voava até a cidade sorteada e visitava duas escolas. Uma, com a pior nota no IDEB, outra com a melhor nota no IDEB.
Acompanhando o intrépido repórter, estava o chamado "especialista em educação" de nome Gustavo Iochpe. Colunista da Veja, inclusive. Sua missão era comentar o que poderia ser bom ou ruim nas escolas, caracterizando-as em suas notas. O nosso "especialista" é economista com pós graduação em economia da educação (????).
Posso extrair as seguintes impressões de tais reportagens:
1) O repórter sempre começava a reportagem de comparação das escolas, publicando na tela da televisão em letras garrafais, o salário do professor. Assim, visitava a escola ruim e jogava o salário na tela. Visitava a escola boa, jogava de novo o salário na tela. Fica clara a intenção subliminar de dizer ao telespectador: "Olha, presta atenção! Tem uma escola ruim e tem uma boa e olhe de novo, o salário dos professores de ambas as escolas são iguais". Ou seja, de alguma maneira, querem passar a impressão de que o salário não faz diferença no rendimento da escola, já que, ganhando o mesmo salário, as escolas da cidade têm IDEBs diferentes. Isso é muito baixo. Sabemos que o problema é muito maior do que isso. É primeiramente um problema salarial, mas é também estrutural, de gestão governamental e de investimento como um todo, seja em mão de obra, formação continuada, material didático e é claro, em se tratando de um país que tem que incluir seu cidadão miserável, a merenda.
2) O tempo inteiro, entrevistava-se o gestor da escola, em uma tentativa de demonstrar que o que faz diferença mesmo é a gestão. Típica ideia neo liberal pautada no fato de que basta haver uma boa gestão e tudo se resolve. Nos moldes do que parece fazer nosso secretário da educação (Goiás).
3) Eu conheço as idéias do Gustavo Iochpe, desde quando ele escrevia para a Revista Educação. Ele defende que o salário NÃO faz a diferença de rendimento de uma escola e que a gestão é um aspecto importantíssimo para o engrandecimento da escola. Saiu da revista Educação e foi escrever para a Veja. Agora, está na Globo, é o que parece.
4) Mas, o que há por trás de tudo isso? Ora meus caros: cursos de gestão caros, ministrados por "especialistas"; achatamento salarial, visto que não é o salário que irá fazer a diferença, não é mesmo? Estão querendo reduzir os problemas educacionais e sociais a meros problemas de gestão. Ou seja, a escola, para essas pessoas, deve ser o lugar de preparação de uma futura mão de obra para suprir as necessidades do mercado. O aluno é um cliente, o ensino uma mercadoria e o professor??? Uma escola crítica e formadora de fato não supre as demandas de um mercado. Deve suprir uma sociedade mais justa para todos.
Cada vez mais difícil ser educador. Mas a gente não desiste.
Opa, Márlon,
ResponderExcluirPerdi as reportagens....
interessantes....
Fica uma ideia que podemos depois tentar vender para globo: Que tal ela fazer uma matéria, verificando o aporte de recursos em cada escolas e comparar os mesmos?
A comparação unicamente salarial reduz o problema a uma dimensão pequena de um todo muito maior e que abrange, não apenas a escola, mas, também a comunidade na qual a mesma se intesre.