segunda-feira, 19 de março de 2012

EDUCAÇÃO COMPARADA

Goiânia - Ano II - 104

Olá Químicos e Agregados.

O título desse post tem o propósito de ser provocativo mesmo.

Vou fazer uma brincadeira que espero que gostem, para que todos vejam o quanto a sanha avaliadora/meritocrática dos governtantes brasileiros é mais prejudicial do que tudo. Vamos lá:

1) Habitantes
FINLÂNDIA - Cerca de 5 milhões.
GOIÁS - Cerca de 4,5 milhões.

2) Posição no PISA nos últimos 10(!!) anos
FINLÂNDIA - Entre os 2 primeiros.
GOIÁS/BRASIL - Entre os 10 últimos.

3) Salário do Professor
FINLÂNDIA - Cerca de 3100 dólares, em média, início de carreira, 40 horas (12 em sala, em uma escola apenas, dedicação exclusiva, ano de 2011).
GOIÁS -Cerca de 1100 dólares, em média, início de carreira, 40 horas (28 em sala de aula, em sabe-se lá, quantas escolas, ano de 2012).

4) Nível Fundamental
FINLÂNDIA - Sistema de ciclos. Alunos mais fracos são deslocados para o contra turno para terem aulas com outro professor, específico para tal fim. Até que o aluno se recupere e se inclua novamente no ritmo da turma.
GOIÁS - Sistema de ciclos. Bem, melhor não comentar o que todo mundo conhece...

5) Nível Médio
FINLÂNDIA - Acadêmico e vocacional (um tipo de técnico).
GOIÁS - Propedêutico (????).

6) Estrutura Física
FINLÂNDIA - Exposição das arquiteturas de suas escolas em salões de arquitetura de toda a Europa. Espaço limpo, amplo, bonito, florido, etc e tal. Todos se sentem bem DENTRO da escola, em termos de conforto e espaço.
GOIÁS - Exposição da arquitetura de suas escolas em Jornais e televisão como exemplo de descaso. Escolas caindo aos pedaços. Algumas de lata e placa de muro. Quentes, não arejadas, feias e nenhum pouco convidativas. Todos se sentem muito melhor FORA da escola.

7) Licenciaturas
FINLÂNDIA - Um dos cursos mais concorridos, pois todos sabem que a carreira é valorizada, o salário é bom e que a educação é uma prioridade da sociedade e claro, dos governantes.
GOIÁS - Um dos cursos MENOS concorridos, pois todos sabem que a carreira NÃO é valorizada, o salário é ruim, a titularidade é roubada, a educação NÃO é prioridade, os bingos é que são prioridade dos governantes.

8) Testes padrões, avaliações dos professores pelos alunos, meritocracia, avaliação por produção, avaliação, avaliação, avaliação, produção, produção, avaliação do professor pelo resultado dos testes dos estudantes...
FINLÂNDIA - NÃO HÁ, e caso houvesse, "os professores abandonariam as escolas até as autoridades abandonarem essas ideias malucas..."(Pasi Sahlberg, pesquisador finlandês, ex-professor de ciências).
GOIÁS -  Eheheheheheheheheheheheheh.

9) Imprensa
FINLÂNDIA - Defende o professor, pois sabe sua importância na sociedade e na própria imprensa. É livre, inclusive pode atacar o governo.
GOIÁS - ATACA!!! o professor, culpando-o das mazelas da sociedade, chamando-o de xiita, baderneiro, arruaceiro e defende o governo (???). Inclusive, parte de sua receita é oriunda do, bem, ééé, welll, do governo.

Há mais comparativos, muito mais. Mas é covardia com o estado que me acolheu.

E agora? Senhor secretário. Senhor governador. Ficou claro ou querem que desenhe?

Não. Não sou eu que falo isso tudo aí de cima não. É a literatura internacional, que parece não ser lida pelos nossos governantes que estão atrelados a uma política neoliberal ligada a distribuição de receitas no Banco Mundial. A ideia de homogeinização mundial do ensino e aprendizagem.

Bastam leitura e VONTADE POLÍTICA.

Convenhamos. Nossos governantes não têm nenhuma das duas.


3 comentários:

  1. Se este fato ocorresse apenas no Estado de Goias, seria uma anomalia para o Brasil, mas ele ocorre em todo o pais! E podemos perguntar...
    A CULPA É DE QUEM?
    Nós, professores, estamos muito desvalorizados...
    Mas as mudanças dependem de iniciativas como as comparações postadas!
    Divulguem mais...
    Até que a política atual consiga sentir vergonha! (Acho difícil, mas não é impossível)

    ResponderExcluir
  2. Ok,vamos pensar em um contexto mais amplo: O capitalismo neoliberal como modelo hegemônico da economia mundial, é o coração do que é denominado MERCADO. Esta entidade intocável e "imaculada", atribuiu papéis a todos os países do planeta. Alguns são predadores. Outros evidentemente, devem se submeter à condição de presas.

    Neste país chamado Brasil (a presa), o sistema político rotulou-se jocosamente de "democracia".

    O que originalmente deveria representar "governo de todas as pessoas" (dentro dos preceitos constitucionais de igualdade entre todos) no Brasil tornou-se: "governo de todas as pessoas jurídicas - sociedades anônimas multinacionais de capital aberto". Os verdadeiros atores dessa democracia distorcida são justamente os agentes econômicos e financeiros. Neste caso, a dinâmica econômica baseia-se na usurpação da ferramenta política para viabilizar as leis impostas aqui por predadores em outros países, além da pilhagem, externalização de custos e dumping social.

    Mas aí vem a questão: Qual é o reflexo desse cenário na Educação Brasileira???

    Neste caso, sob o tacão do MERCADO e na condição de presa, o papel do Brasil é oferecer sua biodiversidade, suas terras, seus minerais e sua mão de obra semi-escrava para alimentar os predadores. Neste contexto, não cabe ao país produzir tecnologia, cidadania, sustentação nos preceitos éticos, e nem desenvolver um sistema educacional destinado a este alcance. O que se quer no Brasil é mão de obra barata e técnica para executar tarefas alienantes nos pátios de fábricas multinacionais. A qualificação até mesmo na dimensão do ensino superior encaixa-se cada vez mais na formação de tecnólogos e operadores de equipamentos. No Brasil não são formados cientistas, são formados os técnicos.

    Governos e multinacionais não querem educação de qualidade no país. Não querem que a própria população repense esta condição de presa que está estagnada no Brasil desde sua colonização pelos portugueses. Não querem professores qualificados, conscientizados e que ofereçam aos alunos outro modelo de educação que seja diferente da educação em uma esteira de montagem – uma educação vazia e mercantilizada.

    ResponderExcluir
  3. ONDE EU ASSINO??

    cada dia que se passa, na minha cabeça de professor recem formado passam 1 milhões de dúvidas sobre continuar ou não lutando no Brasil por essa valorização profissinal...

    amo o que eu faço... mas gostaria muito de ser reconhecido pelo que eu faço... isso é o que passa na cabeça de milhões de professores no Brasil...

    lendo este post reconheço que tive inveja dos finlandeses... como eu gostaria de trabalhar lá...

    realmente é uma vergonha termos que passar o que passamos aqui no estado e no nosso amado país...

    ResponderExcluir