quarta-feira, 11 de julho de 2012

SOBRE CIDADÃOS E CIDADANIA NAS FÉRIAS

Goiânia - Ano II - 111

Olá Químicos e Agregados.

Hoje fui ao Mutirama com meu filho Rodrigo. Bom, para quem não sabe, o Mutirama é um parque de diversões da Prefeitura Municipal de Goiânia. Gostei do parque e tudo mais e é uma boa opção de lazer para as famílias.

Mas não vou falar disso. Fiquei chocado com uma série assustadora de atitudes de várias pessoas presentes no parque, especificamente nas filas que levam a cada um dos brinquedos e perto das lanchonetes.

Vamos ao primeiro caso, para que todos entendam minha indignação:

1) Estava eu e Rodrigo em uma enorme fila para um brinquedo concorrido em um sol escaldante. À minha frente, uma mulher, de 35 anos, acho eu. Quando faltavam umas 10 pessoas para que nós chegássemos ao brinquedo, eis que aparece o marido dessa mulher, com mais 4 crianças. Eles chegaram e ficaram, claro, na nossa (minha e do Rodrigo) frente. Eis que de forma, como sempre, chata, começo um diálogo:
- Pessoal, com licença. Eu e meu filho estamos na frente de vocês. 
A mulher vira para mim e diz:
- Não. É meu marido e meus filhos, eles estavam em outro brinquedo e eu estava nessa fila, guardando o lugar.
Eis que eu disse:
- Não me entenda mal. Eu estou há 20 minutos na fila, para brincar NESSE brinquedo, enquanto os seus filhos estavam em outro brinquedo. Veja bem, agora, eles se divertiram no outro brinquedo enquanto eu estava na fila com o meu filho e de repente, eles chegam para brincar em um brinquedo sem esperar um segundo sequer na fila. É justo?
Ela me respondeu, séria:
- Claro que é. Eu também esperei os mesmos 20 minutos que o senhor esperou.
Não me calei:
- Mas é onde quero chegar. Isso não é cidadania. Eles têm que saber que estão levando vantagem indevida sobre os demais cidadãos aqui presentes, por mais boa vontade que os senhores tenham como pais.
Ela tentou terminar:
- Não acho que fiz nada de errado. Respeitei a fila.
Tentei terminar:
- Ok. A senhora respeitou mas os seus filhos, não.
O marido puxou ela pelo braço e ficou entre nós, de costas para mim. 
Claro. Ficou de costas para a cidadania.

Vamos ao caso 2:

2) Fomos tomar um lanche. Contei pelo menos 4 ou 5 latas de lixo, próximas, fora as latas de lixo das próprias lanchonetes. E havia também uma quantidade enorme de lixo espalhado no chão, nos bancos e perto das latas de lixo e elas não estavam, logicamente, nem pela metade. Eis que ouvi uma conversa entre mãe e filha:
- Espera, mãe, tô terminando a pipoca.
- Anda, filha, vamos ao brinquedo, se não a fila fica grande.
- Peraí, vou jogar o saquinho no lixo.
- Não filha, joga em qualquer lugar, tem gente pra limpar isso depois, anda logo.

Bom. Penso que dispensa maiores comentários.

Juntando os dois casos. Essas pessoas acham, acreditam, tem certeza que estão certas. Não vêem erros ou falhas em suas ações. Isso acontece porque cresceram e vivem em um ambiente no qual pequenas vantagens sobre as demais pessoas parecem uma coisa normal a ser ensinada, para que de alguma forma: "meu filho não fique para trás em relação aos demais". Não entendem o conceito básico de cidadania em que cidadãos de fato são aqueles que respeitam outros cidadãos. Essas pequenas infrações (e tenham certeza, vi várias e várias durante esse dia) não são consideradas, digamos, erradas. Algo como: "enquanto você deu uma volta na roda gigante, eu dei duas e dei uma descida no tobogã, eheheheh". E dormem tranquilas.

Não podemos dormir tranquilos com isso. O respeito deve vir da família e se ela não consegue fazer isso ou confunde o respeito com vantagem, estamos fadados ao fracasso como sociedade.

Exigir que esse tipo de cidadania seja ensinado em sala de aula é importante, mas retira a responsabilidade da cidadania, da formação do cidadão do cerne da sociedade: a família.

E é um ciclo vicioso, pois sabemos que vários professores ensinam exatamente a forma mais exata de burlar e levar vantagem na sociedade.

Como acabar com isso? Educação de qualidade. Valorização do professor. Ué! Mas eu não acabei de dizer que o cerne é a família? Que é responsabilidade demais da escola?

Ora gente, e em que lugar esses filhos dessas mães dos casos acima podem vir a aprender alguma coisa sobre cidadania? Com a mãe? Com o pai?

Com o professor, sim. Felizmente (ou infelizmente?). Por isso é importante que professores também sejam formados cidadãos, de modo a formarem cidadãos, em nosso caso, utilizando-se do saber de conteúdo específico de nossa área: a química.

Sem isso, estamos mesmo fadados ao fracasso como sociedade. 

Termino com algumas frases de família, presentes na série Guerra dos Tronos, bem popular nos dias de hoje:

Casa Stark = "O inverno está chegando".
Casa Targaryen = "Fogo e Sangue".
Casa Lannister = "Ouça-me rugir".

Casa SOARES = "Nós não cortamos fila".

É isso.


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