terça-feira, 5 de abril de 2011

SOBRE A FRAUDE NA UNICAMP

GOIÂNIA - ANO I - 62


Olá Químicos e Agregados.

A notícia que mexeu como todo o mundo da química na semana passada foi a acusação de fraude em gráficos de RMN em artigos do Cláudio Airoldi da UNICAMP e Denis Guerra da UFMT. 

As acusações giram em torno de prováveis manipulações de dados de ressonância magnética, em estudos sobre as características de certas moléculas. A editora multinacional Elsevier, em cujas revistas saíram as 11 publicações, diz que três cientistas independentes concluíram que os dados teriam sido manipulados.

Funcionou mais ou menos assim: 

1) Um pesquisador, ou vários, não se sabe ainda, escreveu uma carta para a Elsevier, mais especificamente para o Journal of Colloid and Interface Sciences, acusando que 11 publicações continham dados fraudados;

2) A Elsevier nomeou três outros assessores para reavaliarem os trabalhos e eles disseram que haviam indícios de manipulação;

3) Os químicos brasileiros recorreram e apresentaram provas de que, segundo eles, não haviam manipulações nos gráficos;

4) A Elsevier não se pronunciou sobre a resposta dos autores brasileiros.

Quais as conclusões que se podem tirar desse caso?

A primeira: Houve manipulação. Cabe aos órgão competentes onde trabalham cada um dos autores abrir sindicâncias internas e investigar e punir de acordo com a lei.

A segunda: NÃO houve manipulação. Cabe aos órgãos competentes onde trabalham cada um dos autores  abrir sindicâncias internas e investigar o que de fato ocorreu.

Assim, esse blog não se manifesta a favor ou contra os autores até que as investigações terminem e se tenha idéia do que de fato aconteceu. Essa é a postura mais justa e também foi adotada pela SBQ, ou seja, é preciso cautela antes de acusarmos de fatos que estão distantes de terem um fim, pelo menos por enquanto.

Cabe lembrar também que o autor tem cerca de 400 publicações. As investigações estão no início.

Outro fato. O Brasil cresceu muito em termos de publicação no mundo. Infelizmente e não só para ele, podemos estar sendo vítimas de um grupo concorrente. 

Uma fraude é muito difícil de ser provada, além do fato de existir interpretações muito diferenciadas sobre um mesmo resultado, como é comum na ciência. Ademais, os dois primeiros assessores não viram tal manipulação nos resultados. E se são 11 artigos, são pelo menos 11 assessores diferentes, podendo chegar a 22!

Fato outro. A pressão por publicação é enorme. Acaba sempre de alguma forma nos massacrando dentro dos programas de pós graduação. Caso se confirme as fraudes, é um aspecto a ser analisado. Publicação a qualquer preço o que pode levar pesquisadores a publicar cada vez mais, sobre cada vez menos.

Vamos aguardar. Cautela até o fim das investigações.



6 comentários:

  1. Ocorreu um lance semelhante na Ecologia. Só que foi um pesquisador norte americano q publicou dados estranhos e foram os brasileiros que dedaram. Mas é assim msm. Até que provem o contrário eu to com os brasileiros. Bando de gringo #$%@#$! Hehehe

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  2. Sim, por min estou com a justiça, inocente ate que se prove ao contrario! porem e necessário rever o trabalho e decidir! porem acho que seria meio suicídio depois de 400 trabalhos o autor simplesmente arriscar toda a sua vida acadêmica.
    mais uma vez concordo que a publicação de cada vez menos coisas tem ocorrido e tem de ser revisto!

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  3. Concordo que essa pressão por publicação é incomoda mesmo. Nem sempre a quantidade de publicações está diretamente ligado ao conhecimento científico agregado. Infelizmeste o que percebo é que vivemos um tempo em que a quantidade de publicações pesa mais que a qualidade. Será que isso pode mudar ou tá certo desse jeito?

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  4. bando de invejoso vcs nunca terao 400 trabalhos nem mesmo na forma de resumo. seus palhaços. hahhahhahahhahhaha nem eu kakakkakakkakka

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  5. Caros colegas,

    Conheço esse professor há mais de 10 anos e ao longo desse tempo ouço reclamações de alunos dele sobre manipulação de dados por esse sujeito.
    No entanto, agora foi tão descarado que o cara foi pego. Ele simplesmente usou exatamente o mesmo espectro de RMN de Si em inúmeros trabalhos que envolviam compostos diferentes.
    O lance dos 400 trabalhos também não é um dado real pois ele não participou nem da metade dos trabalhos que contém o nome dele. EM boa parte dos artigos, seu nome foi incluído por livre e espontânea pressão dele, sem qualquer participação efetiva nos papers.
    Apenas para concluir, a sindicância do IQ/ UNICAMP confirmou a fraude em um relatório apresentado pela comissão em 04/05/11. Agora o caso foi encaminhado para a Procuradoria da UNICAMP para decisão se será ou não punido por esse desvio de conduta já confirmado pela sindicância.

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