DA FOLHA DE SÃO PAULO
Mesmo repletos de animais falantes, princesas e criaturas fantásticas, os filmes de animação não são coisa de criança. Produções como as da Pixar e da DreamWorks são um laboratório para estudos avançados de física e matemática. A aparência realística dos personagens --especialmente agora, com a popularização das produções em 3D-- depende de um emaranhado de funções e equações.
Um dos exemplos mais perceptíveis são as roupas dos personagens, que, nos últimos tempos, ganharam movimentos complexos.Uma matéria publicada na última edição da revista "Science" revelou como a física e a matemática estão relacionadas ao salto de qualidade das animações.
Graças ao trabalho de um grupo de físicos computacionais, os modelitos usados por Shrek e companhia comportam-se quase como se fossem feitos de tecido de verdade: amassam, ficam molhados, desfiam e muito mais. Para chegar a esse resultado, um dos métodos considerados mais realísticos pelos especialistas faz uma simulação completa de cada nó, de cada torção no fio de tecido, e traduz tudo em movimento.
A técnica, no entanto, tem um problema: ainda não consegue ser suficientemente fiel à realidade quando se trata de tecidos mais grossos. Esse problema é corrigido com uma equação que permite a formação de algo como microburacos em pontos estratégicos da roupa. Embora o campo tenha avançado muito, a criação de ambientes realísticos envolvendo água e outros líquidos ainda é um desafio. Especialmente quando elementos com características físicas e tamanhos muito diferentes estão juntos em uma mesma cena: como um navio (rígido) deslizando sobre um mar agitado.
A busca por uma solução para o problema tem movido físicos especialistas em computação gráfica e, principalmente, os próprios estúdios que fazem as animações. Mas a precisão matemática não é suficiente nas animações. Roteiro e ambientação também entram na equação que determinam o sucesso das produções.
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