DA BBC BRASIL
Cientistas vêm, pouco a pouco, desvendando os segredos do envelhecimento. Alguns deles sugerem que poderão desenvolver, em breve, tratamentos para reduzir a velocidade ou mesmo reverter o processo. Isso já feito em camundongos em 2010 por uma equipe do Instituto do Câncer Dana-Farber, em Boston (EUA), segundo um estudo divulgado na revista científica "Nature".
Os pesquisadores manipularam cromossomos presentes nos núcleos de todas as células. O alvo principal da ação era a proteção dos telômeros --estruturas presentes nas extremidades dos cromossomos que protegem os cromossomos de possíveis danos, mas também diminuem de tamanho com a idade, até que as células não conseguem mais se reproduzir. A equipe do professor Ronald DePinho manipulou as enzimas que regulam os telômeros, as telomerases, obtendo resultados significativos. Com o estímulo às enzimas, os camundongos pareciam fazer o relógio biológico "andar pra trás".
"O que esperávamos era uma estabilização do processo de envelhecimento, mas ao contrário, observamos uma reversão dos sinais e sintomas de envelhecimento", disse ele à BBC.
"Os cérebros destes animais cresceram em tamanho, aumentaram sua cognição, suas peles ganharam mais brilho e a fertilidade foi restaurada."
HUMANOS
Obviamente, aplicar estes princípios em humanos será um desafio bem maior --as telomerases já foram ligadas à incidência de câncer. Muitos acreditam que as mitocôndrias possam desempenhar um papel bem maior no processo de envelhecimento. As mitocôndrias
--material genético contido na célula, mas fora do núcleo-- são as "usinas de energia" das células, mas também geram produtos químicos que estão ligados ao envelhecimento. Há ainda a participação de radicais livres --moléculas ou átomos altamente reativos que atacam o corpo humano.
Apesar de estarmos apenas começando a compreender como funciona o envelhecimento, alguns cientistas já testam tratamentos em humanos. O professor David Sinclair é pesquisador de um laboratório especializado em envelhecimento da escola de Medicina da Universidade de Harvard. Ele e seus colegas vêm trabalhando em uma droga sintética chamada STACs (sigla de "Sirtuin Activating Compounds").
Estudos em camundongos obesos indicam que as STACs podem restaurar a saúde e aumentar a expectativa de vida dos animais, e os testes em humanos estão em andamento.
Há também pesquisas sobre o resveratrol, um antioxidante encontrado naturalmente no vinho tinto, que indicam que ele reduz o colesterol. "[As pesquisas] não são uma desculpa para comer batata frita o dia todo em frente à TV, mas uma forma de aumentar o modo de vida sadio e explorar as potencialidades de um corpo saudável", diz Sinclair.
QUESTÕES ÉTICAS
Mas é correto fazer experiências em algo tão fundamental como envelhecer? Quais são as questões éticas envolvidas? O professor Tim Spector, do hospital Kings College em Londres, que também faz pesquisas na área, diz que o foco não é aumentar a duração da vida, mas prolongar a saúde.
"Não interessa muito prolongar a vida se isto significa que você terá tanta artrite, por exemplo, que não poderá sair de casa", comenta. "Mas ao entender o processo de envelhecimento, podemos ajudar no combate a artrite, diabetes, doenças cardíacas, todas os males ligados ao envelhecimento." Já o professor James Goodwin, do programa Age UK de amparo à terceira idade do governo britânico, diz que a questão levantada pelas pesquisas é se seus resultados vão ser acessíveis a todos ou apenas aos mais ricos. "Será que todos vão poder se beneficiar desta tecnologia?", questiona.
Comentário do Blog
Hummm. Tenho pouco menos do que 40 anos. Será que pego esses avanços ainda vivo? O que será de uma humanidade que não envelhece?
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