terça-feira, 26 de abril de 2011

MUDANÇAS NA CARREIRA DO PROFESSOR - PARTE IV - REGIME DE TRABALHO

GOIÂNIA - ANO I - 67

Olá Químicos e Agregados, 

Hoje falarei do regime de trabalho que acho desejável para um professor de nível médio.

O primeiro aspecto tem relação com a identidade. O professor, de uma maneira geral não gera identidade com a escola na qual trabalha, exatamente porque não fica apenas em uma escola. Para completar sua carga horária é obrigado a ministrar aulas em diversas escolas.

A identidade é importante porque gera vínculos entre o professor e a comunidade e logicamente, entre o professor e a escola. Esse vínculo com o local de trabalho é importante para um melhor desenvolvimento dos alunos e das atividades do próprio professor.

Para gerar a identidade pretendida e que defendo, o regime de contratação deveria ser outro nas escolas públicas. Penso que o professor deve ser contratado por 40 horas, nos moldes das escolas federais.

Assim, uma escola pode, por exemplo, contratar 2 professores de química de 40 horas. Um deles ministra aulas durante o período matutino e tem toda a tarde livre para corrigir provas, elaborar aulas e experimentos, bem como discutir projetos e idéias com o outro professor. Esse outro, ministraria aulas no período noturno e dividiria a tarde com seu companheiro. Saliento que esse seria um exemplo de uma escola pequena, que contrataria apenas 2 professores de química. Escolas maiores poderiam contratar 4 professores nos mesmos moldes.

O período de aulas poderia ser negociado na contratação ou poderia ser trocado entre os professores a cada ano, desde que o horário comum de todos fosse o período da tarde, para reuniões e planejamentos diversos.

No entanto, para ter essa identidade e esse período de trabalho, o professor deveria ter um local adequado para se instalar na escola. O desejável seria uma sala de professores para cada disciplina. Uma sala para os professores de química, outra para os de biologia. Sinceramente, acho as salas de professores das escolas atuais muito ruins. Cada professor sentado em uma ponta de uma mesa enorme, ou sentado em um banco desconfortável, ou ainda, com um armário minúsculo contendo seu nome, quando muito.

Se você tem um lugar adequado para ficar, com uma mesa só sua, com um computador a disposição, teríamos um começo promissor em termos de identidade, conforto e status do professor. 

Com esse regime e um salário inicial em torno de 3.000,00 reais, como já discutido aqui. Melhoraríamos com certeza, a educação e a profissionalização docente, atraindo nossos jovens para a profissão.

É uma equação simples. Não falta dinheiro. Falta vontade política.

Alguns poderiam argumentar que nesses moldes não teremos professores suficientes em curto e médio prazo. Ora, já não temos professores suficientes em curto e médio prazo e a continuar assim, não teremos nem a longo prazo. 

É isso. A mudança se faz necessária, se ainda quisermos ter professor nos próximos dez anos.


3 comentários:

  1. Concordo plenamente professor Márlon. Essa questão não gera somente a falta de identidade como também outros problemas estruturais. Na escola onde trabalho ainda não temos um horário fixo por conta desse desdobramento profissional ao qual o professor é obrigatoriamente submetido, decorrente dos baixos salários oferecidos a nós professores.

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  2. Rodolfo...

    Também concordo em número, gênero e grau!!! Ações supracitadas pelo BIG BOSS melhorariam ao extremo nosso ensino básico público que deveria ser de qualidade! Infelizmente e reafirmando o já dito, FALTA MUITA VONTADE POLÍTICA! Na última greve realizada por nós professores no Estado de Goiás da Rede Municipal de Goiânia, demonstramos documentalmente que não falta recursos econômicos para as referidas melhorias. Indentificamos, que a falta ou melhor a ação que acontece com os recursos provindos do FUNDEB são no geral desviados em compras superfaturadas e outros cambalachos! Com um piso salarial que está mais para contra-piso, estamos longe de fornecermos um ensino de qualidade e com um imenso risco de em uma década não termos mais professores no ensino básico público...

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  3. Falar em descaso é redundante na escola pública de goiás. Na escola onde discuto a ciência química,chega a entristecer o coração de ver o pouco comprometimento de todos: Direção, professores, funcionários e por falta de exemplo (espelho) os alunos. Uma sala de professor que apenas critica os alunos ou fala da sua progressão de P3 pra P4. A falta de incentivo financeiro e estrutural, faz com que nós (todos) acomodamos a fazer um serviço "meia boca" e isso se torna um círculo vicioso onde é difícil achar o culpado e mais ainda a saída. Vamos em frente, é hora de criticar menos e agir mais. Ser um professor politicamente envolvido com sua classe valorizando sua importância/necessidade social.

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