sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MUDANÇAS NA CARREIRA DO PROFESSOR - PARTE 1 - SALÁRIO

Olá Químicos e Agregados.

A primeira mudança na carreira do professor e que terá impacto direto na melhoria da educação tanto em nível médio, quanto em nível fundamental é o SALÁRIO.

É evidente que a valorização salarial da carreira do professor não pode vir isolada de uma reforma estrutural e política da escola e do estado. Mas esse aspecto quero discutir em outro post. Vamos discutir o salário. Por que o salário primeiro? Ora, porque primeiro temos que tornar a carreira atrativa para os nossos jovens e para os melhores alunos. Não sejamos hipócritas, na maioria das vezes a carreira é escolhida pelo retorno financeiro. Logo, não nos enganemos, o status social que o professor merece, começa com um salário digno.

Já escrevi aqui nesse blog que países que dão saltos de qualidade em educação remuneram seus professores de forma adequada. Mas, o que seria um valor adequado para um professor de nível médio e de nível fundamental? Para qual carga horária? Vejamos alguns exemplos. Notem que já transformei os valores em reais, para termos uma idéia do que pode ser viável para nós.

Na Finlândia, líder no PISA e na educação mundial:
-R$ 4.074,65 por mês, para professores de classe 2 (Cidades médias e pequeno-médias), por uma carga horária que varia entre 17 e 23 aulas por semana. Um detalhe, se o professor pega mais do que 23 aulas, tem um acréscimo de 3% por cada hora aula a mais por semana.
- R$ 4.637,61 por mês, para professores de classe 1 (Grandes centros e cidades pequenas e periféricas), por uma carga igual a descrita acima.

No Chile:
- R$ 4.175,00 por mês por uma carga horária entre 20 e 24 horas por semana.

Na Argentina:
- R$ 1.987,00 por mês por cerca de 20 horas semanais.

Nos EUA:
- Em média, R$ 4.500,00 por mês por uma carga horária de 12 horas semanais (30 horas na escola). Nos Estados Unidos há uma tabela dizendo quanto o salário médio de um professor deve exceder o salário médio de outros profissionais com curso superior, tais como médicos, engenheiros, dentistas, advogados, etc., o que depende do estado. Por exemplo, o líder é o estado da Pensilvânia, que paga 65% a mais. E um dos últimos é Lousiana, 12,5% a mais.

No Japão:
R$ 4.500 por mês por uma carga horária variável + o status social de sensei.

Todos esses salários são para o início da carreira, sem contar tempo de serviço e atualização profissional, ou ainda cursos como mestrado e doutorado. O acordo salarial base é em nível nacional e não por estado ou região.

Com exceção dos Hermanos, podemos ver que uma média salarial dos países que investem em educação varia entre 4 e 5 mil reais por mês. Logicamente, devemos considerar custo de vida difereciado em cada país e que em cada um deles, não há conversão para o real, o que faz com que o aluguel, o supermercado, água, luz, etc, aumentem o impacto no salário, considerando-se sempre a moeda local. Assim, em minha opinião, em termos de equiparação, o salário inicial de um professor no Brasil, somente com a graduação deve ser de aproximadamente:

R$ 3.000,00 por mês por uma carga horária entre 16 e 20 horas por semana efetiva em sala de aula, contratado por 40 horas (quanto a esse regime, volto em outro post).

Acredito que esse seja um salário atrativo para início de carreira para professores do nível médio e fundamental com licenciatura. As diferenças salariais por tempo de carreira, nível e titulação ficam para outro post. 
E para vocês, quanto deve ser o salário de um professor? 

8 comentários:

  1. Acredito que este valor seria realmente muito estimulante (com certeza seria) para um início de carreira... Outra questão é: Será quando nossos representantes irão ver a importância desse estímulo como forma de uma considerável melhoria da educação nacional??? O que nos resta é lutar por um salário mais justo dentro de nossas possibilidades...

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  2. Olá, Márlon,
    concordo plenamente com a questão salarial disposta por você. Claro que o salário é base para escolha de profissão....ninguém escolhe ser mendigo...
    Entrentanto, mantidas as proporções, temos algumas exceções.
    Verifique o edital do concurso para professor no DF em 2010. O salário inicial é de R$ 3.710,00 para 40 horas....
    Confiram a notícia em http://www.df.gov.br/042/04299003.asp?ttCD_CHAVE=100440
    De qualquer maneira, concordo que temos que mudar o país e discutir a carreira do magistério...
    Abraços, Fred

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  3. Olá, Márlon e demais,

    Segue a tabela de vencimentos para professores do estado de Goías pelo SINTEGO, de nov/2010:
    http://www.sintego.org.br/pdf/ESTADO_PROF_NOV2010.pdf
    Verifiquem que inicia em R$ 503, 13(20hs) e atinge o máximo em R$ 1.936,59 (40hs)
    Abraços, Fred

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  4. Boa Fred. Obrigado.

    Temos uma ilha de excelência em Brasília mesmo. Tanto é que vários alunos nossos sempre migram para o DF em busca de melhor remuneração. Seu comentário me deu uma idéia para outro post.

    Quanto ao salário em Goiás, aquele salário de 1936 é para o final de carreira, para quem tem mestrado P-IV. P-III é 1525. NOte que o adicional para quem faz mestrado é ridículo. Um abraço e obrigado pela contribuição.

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  5. Olá, Márlon,
    É verdade...eu usei o valor final para que tenhamos uma ideía do teto máximo permitido legalmente.
    Mas você está correto...
    Ao mesmo tempo, podemos começar um discussão sobre o piso nacional..creio que o valor reajustado está em torno de R$ 1.024...Note que Goiás é um dos seis estados que não cumpre com o piso salarial nacional (ver matéria http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u707475.shtml)
    Abraços, Fred

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  6. Olá,
    Aproveito para deixar matéria sobre a carreira do magistério...
    (http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/12/24/apesar-de-avancos-na-legislacao-carreira-de-professor-ainda-e-pouco-valorizada.jhtm)
    Abraços, Fred

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  7. vou mudar para o Chile kkkkkkkkkkkkkkkkk pq ninguem merece ganhar 1800 para dar 42 aulas

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  8. Acompanho a crescente oferta de cursos de nível superior, vejo que a estratégia usada é bem diferente da estratégia de atrair bons profissionais para o ramo, mas sim de oferecer mais cursos de licenciatura em faculdades com poucas condições. Aumentar o número de possíveis profissionais enquanto que excelentes profissionais da licenciatura vão para outras carreiras como PC, PM, BM, PRF ou mesmo pesquisadores em educação que mal passaram pela sala de aula, o que é mais atrativo financeiramente e fecha o ciclo de falhas da educação brasileira.

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